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Livro de poemas ‘Geometria do Acaso’ nos leva na espiral do devaneio para sentir mais os objetos e gentes
“faz do sentido vazado por imagens que imprimem uma expressividade quase pictórica em seus devaneios poéticos.”
Toda polêmica tem seus lados. Joga no ar um assunto, e logo um dos lados diz isto é comigo, estamos com o cerne da coisa. O outro lado rebate este ângulo é meu, ou nosso! Estamos coberto de razões, mas as linhas pelo qual passam triângulos que nunca são amorosos, gente quadrada que parece saída de uma santa fé inquisição, para puxar qualquer cabo de guerra onde o pensamento parece que vai sumir pelo seu esgotamento nervoso de esgarça-lo até sua morte.
Fico imaginando o abstrato, esta figura mítica que sonda a arte e seus asseclas muito mal comportados. Por que é preciso deixar cair o queixo, quando faço um conto à la Cortázar, um poema com requintes de ironia à la Szymborska para que o leitor mergulhe no seu abismo pessoal através da ficção, ou do poema. Penso nisso, quando leio o novo livro de poemas do Luciano Lanzillotti, Geometria do Acaso, editora Dialética, que nos desliga dos rótulos rasteiros dos conceitos dicotômicos do que é simples aos olhos, ouvidos e bocas.
Pois o poeta quando escreve seus poemas faz do sentido vazado por imagens que imprimem uma expressividade quase pictórica em seus devaneios poéticos. Luciano tira de suas esferas, pirâmides e cubos, a relação da matiz do signo com certa simbologia que passa pela cor da palavra e seus tons para ir ao significado mais nuançado pelas gretas e fendas no final do poema onde o sentido desvanece um pouco para fazer um pintura alusiva a neve, onde as palavras não esfriam pela fugacidade fantasmática dos significados.
Através desta relação entre um pensamento geométrico e matemático, o poeta nos leva ao passeio universal pelas beiradas do convívio entre gentes, ideologias e sociedade.
Fernando Andrade é escrito, crítico e jornalista.
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