Geometria do Acaso, por Ronaldo Cagiano

 



Seu livro recolocou-me na trilha da boa literatura.

Nesse conjunto de poemas, você transita pelos espaços subjetivos e oníricos da palavra, realizando um trânsito entre o concreto e o abstrato das nossas experiências existenciais.
A relação com o passado e a memória são pontos culminantes nos poemas do livro, por meio dos quais você recupera aquela essência que nos conforma como ser e como leitor-escritor.
Gosto muito dessa narrativa poética que passa em revista ao nosso inconsciente, às nossas mitologias, esse modo de um olhar que rastreia nossa ancestralidade e nossas raízes e dela a matéria estética viva se expressa plenamente.
Na geometria existencial você coligiu, em diversos ângulos de observação, os acasos e ocasos que entremeiam as caminhadas, percursos sensíveis dos tantos mundos que nos formam.
Sua poesia flerta com diversas vertentes, nascendo do observador-escafandrista, que vai fundo, seja na apreensão dos dilemas, seja no registro da banalidade do quotidiano: do lírico ao social, do metafísico ao político, do plausível ao subjetivo, sua palavra vem amalgamada por uma linguagem elaborada, atravessada por sutilezas e explosões metafóricas.
Há inegável flerte com autores e obras, fruto de suas leituras e familiaridades estéticas: de Drummond a Jorge de Lima, de Bandeira, do popular ao erudito, o poeta estende suas pontes, estabelece seus diálogos e instaura uma simbiose entre instâncias criativas. Como o itabirano, sua poesia lança um olhar agudo sobre "o tempo presente, os homens presentes, a vida presente".
Entre os vértices e vórtices da trajetória individual e coletiva, recolhendo matéria e circunstância do visto, do vivido e do imaginário, você constrói uma poesia de intensa, de densa expressão.
Um livro que nos traz o prazer da leitura.

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